“Pode botar pressão. Me deem mais pressão”. Com um quê de desabafo, essas foram as palavras escolhidas por Pascal Wehrlein em sua primeira comunicação pelo rádio com a Porschedepois de vencer a corrida 1 do eP de Londres, disputada neste sábado (20). Se faltava ao alemão uma atuação agressiva, de quem quer ser campeão mundial com imponência, ela veio na ExCel Arena — palco de um recital não só do carro#94, mas também da gigante montadora alemã.
A estratégia foi desafiadora, mas perfeita. Na terceira colocação, Wehrlein precisava ultrapassar Sébastien Buemi e Mitch Evans, abrir vantagem na ponta e ativar os dois Attack Mode obrigatórios voltando em primeiro. Para isso, antes, seria necessário acumular energia suficiente — sem perder contato com os líderes — para permitir que essa distância fosse criada.
E Pascal seguiu tudo à risca. Em uma de suas melhores atuações na carreira e certamente a melhor da temporada, o alemão foi cerebral, deixou Evans em uma sinuca de bico em relação à energia e triunfou de maneira incontestável para assumir a liderança do campeonato no momento mais importante, com apenas uma corrida pela frente.
O curioso é que as principais críticas sobre Wehrlein envolviam justamente esse cenário. Líder por boa parte da temporada passada e também no início deste ano, o alemão viu o crescimento dos concorrentes diretos nos dois campeonatos e nem sempre soube responder com a imponência necessária para um campeão mundial. No eP de Londres 1, a história foi completamente diferente.
A regularidade é evidente: de 15 corridas disputadas, Wehrlein somou pontos em 13. As únicas exceções ficaram por conta de Misano1 e Xangai 2, provas em que se envolveu em confusões. Com tanta capacidade de se manter dentro do grupo dos dez primeiros, é claro que Pascal seria um concorrente forte em uma categoria tão equilibrada como a Fórmula E.
Faltava, no entanto, uma atuação daquelas de encher os olhos,como NickCassidy em Berlim, JakeDennis em Diriyahou Mitch Evans em Mônaco. Em Londres, ela veio. O talento do alemão é óbvio, mas a declaração após cruzar a linha de chegada indica uma leve alteração de comportamento que pode se provar decisiva para a conquista do primeiro título mundial.
Com os três primeirosseparados por apenas sete pontosna última etapa da temporada, é bem verdade que Wehrlein pode sair sem o título mesmo após uma atuação inesquecível. Tudo pode acontecer na Fórmula E. Nada vai apagar, entretanto, o brilho extremo que o alemão teve neste sábado. Mesmo que não leve a taça para casa, teve desempenho de campeão e comprovou novamente o motivo de ser um dos grandes protagonistas da categoria.
A Porsche, que incrivelmente garantiu a quinta vitória nas últimas seis corridas, também merece todos os elogios. Apostou em uma estratégia ousada, confiou no arrojo de seu próprio piloto e colheu os frutos no final. Isso tudo enquanto induzia a Jaguar, equipe mais forte da temporada, ao erro. Preocupados com a vantagem de Wehrlein, os felinos mandaram Evans acelerar, o que custou grande gasto energético e custaria também a segunda posição para Maximilian Günther — que teve problemas e abandonou.
Grandes campeões surgem em momentos cruciais e se alimentam de pressão no café da manhã. Na hora que importa, são eles que colocam a responsabilidade nas costas e performam. Foi o que Wehrlein fez neste sábado, uma reafirmação de que não é apenas mais um nome entre os postulantes à taça. No calvário de Cassidy, que sofre demais nesta reta final, o alemão cresceu e deixou um recado claro: a linha tênue entre vitória e derrota não assusta. Com taça ou sem taça ao fim deste domingo, não será a pressão a responsável por derrubá-lo. Os rivais terão de fazer por merecer na pista.
PARCEIROS CLUBE EXPRESS
Maringá
-Veículos:
- Animais:
- Alimentos e Bebidas
- Vida Saudável