Os 100 anos do artista plástico Poty Lazzarotto (1924-1998) serão comemorados com uma grande exposição da Fundação Cultural de Curitiba. A mostra será inaugurada na terça-feira (2/4), às 19h, no Museu Municipal de Arte – MuMA, no Portão Cultural, e poderá ser vista até 9 de dezembro. A entrada é grátis.
Poty de Curitiba, Curitiba de Poty é o título da exposição que procura sintetizar as diversas faces do artista, conhecido nacional e internacionalmente pelos seus desenhos, gravuras e murais.
Sob curadoria do professor de História da Arte Fernando Bini, as obras do artista serão expostas na sala principal do MuMA, que passa a ser denominada Sala Poty Lazzarotto. Esta exposição reunirá perto de 100 obras, entre desenhos e gravuras, revelando o desenvolvimento do seu traço e caracterizando as diversas fases de sua produção.
O curador explica que a intenção é caracterizar que Poty foi principalmente um grande desenhista. Ele partiu para a gravura pela questão social: como a técnica permite cópias, mais pessoas têm chance de ver.
"Ele tinha uma preocupação imensa com o ser humano e achava que o que o artista fazia não podia ficar entre quatro paredes. O desenho e a gravura têm uma função social muita clara.", diz Bini.
"Essa exposição vai tentar mostrar isso – o desenvolvimento do desenho de Poty, desde quando frequentava a Escola Nacional de Belas Artes, nos anos 1940, e a evolução para esse traço sucinto, quase estilizado e forte, que gera toda uma linguagem plástica a influenciar artistas não só do Paraná, mas de todo o Brasil”, pontua.
Todos os trabalhos expostos pertencem ao acervo do Museu Municipal de Arte e do Museu da Gravura Cidade de Curitiba.
Fases:
Ao percorrer a exposição, o visitante conhecerá os primeiros desenhos de Poty que ilustravam o Vagão do Armistício (nome dado ao lendário restaurante mantido pela mãe e pelo pai ferroviário, muito frequentado pelos intelectuais da época). Seu talento não passou despercebido e ele recebeu uma bolsa de estudos para frequentar a Escola Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro. Foi lá que teve pela primeira vez o contato com a gravura, técnica com a qual passou a se destacar.
A primeira fase das gravuras de Poty, todas de cunho social, é um resgate de suas origens. Poty vem da periferia da cidade, de um meio simples, e teve muito contato com ferroviários e trabalhadores que frequentavam o Vagão do Armistício. As gravuras que fez inicialmente no Rio de Janeiro, entre 1942 a 1945, retratam essa realidade.
Do Rio de Janeiro ele vai a Paris, para desenvolver seus estudos de gravura. “Poucos são os trabalhos existentes desse período. Ele aproveitou essa experiência mais para aprender do que para produzir. Mas foi lá que começou a criar o seu estilo pessoal”, explica Bini.
Voltando ao Brasil, Poty produz muita gravura, sempre preocupado com o ser humano e com as questões sociais. É quando começa também a troca de informações com artistas locais, como o pintor Guido Viaro e o escritor Dalton Trevisan.
De acordo com o historiador, o ponto máximo da caminhada artística de Poty é a experiência que ele teve durante uma temporada no Parque Nacional do Xingu, nos anos 60. Como resultado dessa viagem, Poty produziu uma série de aproximadamente 200 desenhos inspirados na arte indígena, em que seus traços se tornam ainda mais sintéticos e mais expressivos.
No último segmento da mostra, entram mais desenhos e gravuras que sintetizam os elementos significativos da sua obra. “Ele domina o traço quase como não tirando a mão do papel, forçando um pouco mais a caneta, e com isso constrói a sua linguagem gráfica. A exposição certamente permitirá conhecer a essência do trabalho de Poty”, destaca o curador.
Poty na literatura:
A ilustração literária foi uma forte vertente na produção de Poty. No Solar da Cultura estarão em breve expostas capas de livros de Dalton Trevisan ilustradas por ele. A amizade com o escritor, com quem trabalhou desde os tempos da Revista Joaquim, fez de Poty o principal ilustrador dos textos de Dalton, editor dessa história publicação artístico-literária que circulou entre 1946 e 1948.
Em exposição estarão as capas dos livros Cemitério de Elefantes, Dinorah, em Busca da Curitiba Perdida, Guerra Conjugal, Mistérios de Curitiba, O Pássaro de Cinco Asas e Pão e Sangue.
O escritor paranaense, contudo, não foi o único a encontrar nos traços de Poty a sensibilidade para traduzir em imagens a palavra escrita. Poty ilustrou mais de 170 livros de nomes como Machado de Assis, José de Alencar, Euclides da Cunha, Guimarães Rosa, Rachel de Queiroz, Antônio de Alcântara Machado e Jorge Amado. Também estarão expostas em vitrines edições da Revista Joaquim, pertencentes ao acervo da Casa da Memória.
Doação de Poty à FCC:
É grande a afinidade de Poty com Curitiba, não apenas por ser a sua terra natal e ter nascido no dia do aniversário da cidade. Seus murais se encontram em diversos locais e fazem parte da paisagem urbana. Em Curitiba são 29 painéis e murais tombados pelo patrimônio estadual, além de outros instalados em órgãos públicos e imóveis particulares.
Outro exemplo dessa afetividade foi a doação de um valioso conjunto de obras de arte colecionadas com a esposa, Célia. A grande coleção, com obras de Picasso, Guignard, Di Cavalcanti, Portinari, Pancetti, entre outros, agregada ao acervo já existente do município, deu origem em 1986 ao Museu Municipal de Arte.
Na ocasião, uma das salas do Museu recebeu o nome de Célia Neves Lazzarotto. O espaço principal do MuMA, onde ficarão expostos os seus trabalhos, receberá nesta celebração do seu centenário o nome de Sala Poty Lazzarotto.
Serviço: exposição Poty de Curitiba, Curitiba de Poty
Comemoração dos 100 anos de nascimento de Poty Lazzarotto
Local: Museu Municipal de Arte – MuMA – Av. República Argentina, 3.430 – Portão
Abertura: 2 de abril, às 19h
Datas e horários: de 3 de abril a 9 de dezembro de 2024, de terça-feira a domingo, das 10h às 19h. Gratuito
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